domingo, 5 de setembro de 2010

Escolas buscam alternativas para melhorar alimentação de estudantes

Fonte: G1.com

Aversão a verduras, legumes e frutas. Paixão por refrigerantes, bolachas, bolos e lanches prontos. Nutricionistas e diretores de redes públicas e escolas particulares do país buscam diariamente formas para tentar reverter essa concorrência desleal entre os alimentos consumidos pelos estudantes.
As táticas são variadas e vão da apresentação de pratos coloridos à extinção de cantinas. Tudo para tentar reverter os índices de estudantes com excesso de peso que vêm aumentando no país, seguindo tendência mundial. Pesquisa divulgada na semana passada pelo IBGE mostrou que 23% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental estão com o peso acima do ideal.
Na Secretaria da Educação do Piauí, a mudança foi radical. Desde 2007, as escolas são orientadas a acabar com as cantinas e neste ano saiu a proibição desse tipo de estabelecimento no espaço escolar. No levantamento do IBGE, Teresina foi a capital com maior índice de alunos de escola pública no peso adequado, 84%.
No Estado, cada nutricionista da Secretaria é responsável pelo cardápio de um grupo de escolas. A alimentação a ser servida aos estudantes é elaborada de acordo com as necessidades da clientela. “Não há cardápio padrão”, disse a nutricionista da Secretaria Simone Bastos Martins. A escola é livre para comprar os alimentos. “Desde que houve essa mudança, o lanche ficou mais a cara do aluno”, disse Simone.
Segundo Simone, para proibir as cantinas foi feito um trabalho de conscientização. “Tinha uma estigmatização de que a alimentação escolar era para pobre. O adolescente achava que o bom era comprar lanche”, disse. O próximo passo, agora, é criar um banco de dados do perfil nutricional dos estudantes.
Em Porto Alegre, capital com o maior índice de estudantes de escola pública com excesso de peso, de acordo com a pesquisa do IBGE, 28,4%, sendo 9,5% obesos, as cantinas estão liberadas nas escolas estaduais. Têm apenas de cumprir lei que proíbe propaganda de produtos industrializados e obriga que coloquem alimentos saudáveis em evidência. A nutricionista da Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul, Gabriela Guerra Baião, afirma que a situação está longe do que seria indicado. “A concorrência é desleal”, disse.
O cardápio da secretaria é padrão, um para o inverno e outro para o verão, mas as escolas têm autonomia para preparar alimentos típicos das regiões. Para Gabriela, uma explicação para os índices mostrados na pesquisa do IBGE são os hábitos dos gaúchos. “Damos preferência para carne, churrasco, gordura”, disse.
As escolas são proibidas de oferecer refrescos, refrigerantes e sucos de pacote e outros produtos com excesso de gordura, sal e açúcar. De acordo com Gabriela, os estudantes são resistentes a saladas e verduras. “Damos um sanduíche natural, tiram a alface e o tomate e comem só pão com queijo”, afirmou.
A nutricionista lembra que é preciso um trabalho conjunto entre a escola e os pais. “Não adianta mudarmos o cardápio da escola e tudo continuar igual em casa”, disse.
É a cultura dos pais que nutricionistas de uma empresa especializada em fornecer alimentos saudáveis a escolas em São Paulo tenta mudar. As profissionais convocam os pais de estudantes que estão acima ou abaixo do peso para reuniões. “Em uma escola, de dez pais que convidamos, quatro apareceram”, disse a nutricionista Denise Vilella, diretora operacional da Nutrical.
Nos lanches e refeições, as porções são planejadas para cada faixa etária e frituras, refrigerantes e chocolates são proibidos. Na escola Kampus Educação Bilíngue, que contrata a empresa, a proibição abrange ainda os chicletes e balas. “Os pequenos comem melhor. Quando crescem, começam a criar restrições”, disse a coordenadora geral da escola, Eloísa Monteiro.
Para os estudantes do ensino fundamental, o trabalho de convencimento para abandonarem as guloseimas inclui gincanas de alimentos, apresentações pelas nutricionistas da pirâmide alimentar e aulas de culinária. “Eles adoram”, disse Eloísa.
Outra alternativa é dar dicas direto para os pais. "Outro dia, demos a dica a uma mãe para fazer uma panqueca com legumes, para ficar colorida. Assim, é possível ter mais aceitação", afirmou a coordenadora.

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